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Dia Cinza


Flor,

Você me perguntou como está o tempo por aqui e não encontro palavras para descrever sem parecer meio mórbido. O tempo está nublado, meio cinza. Parece que não vai abrir, mas a esperança é a última a morrer, né?

As decisões estão cada vez mais difíceis, e as consequências delas não são as melhores. Meu medo cresce sempre que preciso fazer uma escolha, às vezes matar uma aula não é matar uma aula é perder a explicação que vai fazer a diferença na minha nota, que vai decidir entre o aprovado e o reprovado.

Nada é tão simples e fácil como antigamente. Não posso me dar o luxo de chutar o balde, porque tudo fica ali me perturbando às 20:45 de um domingo.

Então fico pensando que se toda essa água acumulada desabasse de uma vez tornaria as coisas mais fáceis, ou pelo menos uma gota, ou outra, mas nem isso. O solo está seco, não tem ventania e nem brisa. Se olhar para o céu não tem indícios de que as coisas vão mudar.

As pessoas na rua não entendem ou se fazem de desentendida. Não enxergam motivos para essa pretidão de alma, como se fosse preciso sempre de uma tragédia para ficar meio calado, meio fechado, meio cinza.

Mas é fase, tudo isso vai passar como os dias bons também. Sinto sua falta pertinho de mim, de como você ajuda clarear o meu tempo. Queria aproveitar o verão que vem de você.

Mande notícias e também um pouco de luz e calor, mande um pouco de você para eu não me perder e me fazer lembrar que o amanhã sempre vem.

Da pessoa que mais te ama no mundo,

Léo.

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